sábado, 2 de abril de 2011

SOU BREGA E QUEM NÃO É?



A origem é discutida: há quem diga que o nome vem dos prostíbulos nordestinos em que esse tipo de música era usado para embalar os romances de aluguel. O fato é que, desde o começo da década de 80, a palavra brega vem sendo usada para designar a música de mau gosto, geralmente feita para as camadas populares, com exageros de dramaticidade e/ou letras de uma insuportável ingenuidade. A origem desta ramificação indesejada da MPB, hoje alçada à condição de quase-gênero, pode ser encontrada nos anos 30, em Vicente Celestino e suas trágicas canções em forma de opereta: O Ébrio (música-tema do torturado filme estrelado por ele e dirigido por sua mulher, Gilda de Abreu) e Coração Materno (gravada por Caetano Veloso no auge da Tropicália, pouco tempo antes da morte de Vicente).

Nas décadas seguintes, o samba-canção e o bolero levariam adiante essa estética, principalmente quando cantados pelas vozes empostadas de artistas como Orlando Dias (viúvo que desafogava a emoção no palco, acenando com o lenço branco para o público), Silvinho (de Esta Noite Eu Queria que o Mundo Acabasse e Mulher Governanta), Nelson Gonçalves (A Volta do Boêmio), Anísio Silva, Altemar Dutra (abastecido pela dupla de compositores Jair Amorim e Evaldo Gouveia, de Que Queres Tu de Mim?), Waldick Soriano, (Eu Não Sou Cachorro Não), Adilson Ramos (Sonhar Contigo), Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Agnaldo Rayol e Lindomar Castilho. Mesmo Teixeirinha, cantor e compositor dedicado à música tradicional gaúcha, obteve sua inscrição nesse clube ao gravar em 1960 a dramática Coração de Luto, uma narração da morte da sua progenitora, que acabou sendo popularmente rebatizada de Churrasquinho de Mãe.

A Jovem Guarda, inadvertidamente, abriu caminho para novas modalidades musicais que desafiaram os padrões de bom gosto da classe média brasileira. Inspirados pelas levadas de guitarra e as letras de romantismo primário, músicos de todo o país resolveram embarcar naquela onda. Em Recife, apareceu Reginaldo Rossi, líder da banda The Silver Jets, com a qual chegou a participar de alguns programas da Jovem Guarda. Seu primeiro sucesso em carreira solo foi O Pão, que abriu caminho para uma série de outras músicas com estilo muito próprio, que o tornaram um dos artistas mais populares do Nordeste a partir do começo dos anos 70: Mon Amour Meu Bem, Ma Femme (que teve mais de 50 regravações), a A Raposa e as Uvas e O Rock Vai Voltar, entre outras. Rossi tornou-se o contraponto nordestino para Roberto Carlos, apropriando-se do título do companheiro de movimento: Rei. No fim dos anos 90, sua Garçon, clássico da música de corno, transformou-o subitamente em sensação no Sudeste, ajudando a detonar uma onda de reavaliação do brega, com direito inclusive a um disco-tributo pela geração roqueira do mangue beat: ReiGinaldo Rossi (1999).

Grandes vendedores de discos
Junto com Reginaldo Rossi, outros cantores passaram a disputar a atenção do público de classes sociais menos abastadas no começo dos anos 70. Em especial, Odair José, de canções como Pare de Tomar a Pílula e Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, que chegou a cantar em dueto com Caetano Veloso no festival Phono 73. Tematizando as alegrias e tragédias de uma população de migrantes nordestinos, outros artistas como Amado Batista (O Lixeiro e a Empregada, O Acidente), Fernando Mendes (Cadeira de Rodas), Evaldo Braga (Sorria, Sorria) e Almir Rogério (Fuscão Preto) também garantiram grandes vendagens de discos. Uma versão mais moderna do que viria a ser considerada como brega daria as caras na segunda metade dos anos 70, capitaneada por Sidney Magal (de Sandra Rosa Madalena e O Meu Sangue Ferve por Você) e Gretchen (Melô do Piripipi, Conga La Conga). No lugar do embalo da Jovem Guarda, entrou a influência da discoteque e do pop dançante em voga da época, com uma grande ênfase em danças e gestos sensuais (no limite do vulgar, diriam alguns). O romantismo e seus arroubos também seguiram em alta, em trabalhos como o da paraguaia Perla (que vertia para o português canções do grupo sueco Abba) e a dupla Jane & Herondi.

Nos anos 80, o pop brega foi representado por uma dupla de compositores, Michael Sullivan (ex-Fevers) e Paulo Massadas, que garantiu sucessos para nomes do mais respeitável time da MPB, como Gal Costa (Um Dia de Domingo), Tim Maia (Me Dê Motivo) e Fagner (Deslizes). Por outro lado, jovens artistas do Sudeste, alguns até universitários, começaram a reavaliar aquela música batizada de brega e a usá-la em seus trabalhos como forma de contestar a alta cultura. Essa vertente metabrega (que Raul Seixas inaugurou nos anos 70 nas músicas Sessão das Dez e Tu É o MDC da Minha Vida), teve como expoentes o cantor, compositor pianista e ator carioca Eduardo Dusek (que fez o disco Brega-chique em 1984) e a banda paulistana Língua de Trapo.

Vertente satírica
Esse movimento avançou pela década de 90, com bandas como a paulistana Vexame e a carioca Os Copacabanas, que se especializaram em recriar sucessos de Amado Batista e Reginaldo Rossi, de forma satírica, para as platéias intelectualizadas. Outra vertente foi a dos autores, como o cearense Falcão (de Holiday e Foi Muito e I’m Not Dog No, versão em inglês escalafobético de Eu Não Sou Cachorro Não) e os Mamonas Assassinas (filhos diletos do Língua de Trapo, com Vira Vira e Pelados em Santos). Em 1999, a aceitação do brega chegou a tal ponto que a gravadora Universal lançou a caixa de seis CDs A Discoteca do Chacrinha (afinal, era o programa em que os artistas do gênero se encontravam), com Sidney Magal, Gretchen, Odair José, Almir Rogério, Amado Batista e tantos outros nomes de grande popularidade na década de 70 regravando seus sucessos.

Enquanto isso, o brega em sua forma mais autêntica tornava-se uma das principais forças musicais em Belém do Pará. Depois de Alípio Martins e Beto Barbosa (que ajudou a propagar o fenômeno da Lambada pelo país no fim dos 80), uma geração influenciada por Reginaldo Rossi tomou a cidade em bailes e festas, com uma série de músicas de sucesso que não ultrapassaram as barreiras regionais: caso da Melô do Papudinho de Roberto Villar e da Melô do Ladrão, de Wanderley Andrade. Edilson Moreno, Anormal do Brega, Adilson Ribeiro, Cléo Soares, Kim Marques, Alberto Moreno, Cris Oliveira eram outros dos artistas que movimentavam a vida noturna de Belém no fim dos anos 90 com seu Brega Calipso.

terça-feira, 8 de março de 2011

ALYPIO MARTINS


(Belém/PA, 13-6-1945 ******* Belém/PA, 24-3-1997)

A vontade de fazer sucesso e se tornar músico profissional começou na adolescência. Aos quinze anos fugiu de casa, entrou como clandestino em um navio que fazia o percurso Belém-Rio de janeiro, uma viagem de quase 30 dias e isso sem um centavo. Tudo com o intuito de chegar à capital da música do Brasil na época, o Rio de Janeiro, onde ele acreditava que conseguiria ter uma oportunidade. O sonho quase foi abortado quando ele foi descoberto pelo cozinheiro do navio, mas conseguiu fazer um acordo com a tripulação. Apelou e afirmou que teria chance de ser cantor no Rio de Janeiro. Tudo isso ocorreu no ano de 1958. A família não queria que ele tentasse a carreira musical, pois quase todos achavam que seria impossível sobreviver ou mesmo ter sucesso.

O tempo provou que a família de Alípio estava totalmente enganada. Milhões de discos vendidos, discos de ouro, platina, platina duplo, shows em estádios lotados. Alípio fez tudo por um sonho. O sonho era ganhar pelo menos um disco de ouro em sua carreira.

Durante cinco anos Alípio Martins morou nos EUA. Saiu do Brasil decepcionado pelo fato das rádios FMs não tocaem sua música. Ao voltar dos EUA gravou em inglês, sob o pseudônimo de Vick Mackenzie. Seu disco foi distribuído para as rádios sem que fosse revelado que na verdade aquele era o Alípio Martins, cantor de forró e não um genuíno cantor estadunidense. Como Vick Mackenzie ele copiava o estilo de James Brown. Quando descobriram que Vick Mackenzie era na verdade o Alípio, imediatamente as rádios pararam de tocar seu disco.

Outro detalhe interessante é o do Alípio acreditar ser melhor produtor musical do que cantor. Quem teve a oportunidade de gravar com ele em estúdio até hoje tem vivida na mente as histórias e as técnicas utilizadas por ele durante as gravações.

Dentre seus sucessos vale destacar "Decisão", "Ela É Americana","Eu Quero Gozar", "Garota", "Lá Vai Ele", "Onde Andará Você","Tira a Calcinha" e "Vem Me Amar".

Era casado com Marcele, parceira em muitas de suas composições.

Ganhou dez discos de ouro e seis de platina.

Alípio Martins faleceu aos 52 anos vítima de câncer de estômago.

Fonte: Wikipédia

Vídeo:

"Extermínio" - 1993
http://memoriadampb.multiply.com/video/item/384

Músicas:
http://memoriadampb.multiply.com/music/item/1363






1986




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




Alípio Martins




1993




1993